quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

E para 2009

Abraços apertados;
Beijos calorosos;
Amigos fiéis;
Olhares ternos;
Viagens fantásticas, sejam elas reais ou imaginárias;
Música alta, música baixa, enfim, música que faça sonhar;
Muita dança na rua, no baile, no meio fio, na chuva;
Lágrimas de emoção, de realização, de desabafo de reencontro...
Feliz Ano Novo. Um Feliz Ano Todo.

Resoluções para 2009

10 – Jogar na Mega Sena regularmente.
09 – Conhecer um novo Estado do Brasil.
08 – Não comer e beber ao mesmo tempo.
07 – Trocar a cama de solteiro pela de casal.
06 – Aprender a dirigir carro em ladeira.
05 – Começar a dormir depois das 21h.
04 – Ler metade dos livros que comprei/ganhei em 2008.
03 – Ouvir música ao menos 8h por dia.
02 – Beber mais vinho.
01 – Não cochilar em ônibus!

sábado, 20 de dezembro de 2008

Então é (quase) Natal

E diga se há coisa mais deprimente-bizarro do que as ajudantes do Papai Noel de shopping carinhosamente chamadas de Mamães Noel apesar da pouca idade, muita maquiagem, muito peito e muita bunda, pouca bunda e muito peito, muito peito e pouca bunda, enfim... Atributos que nenhuma senhora que ostente verdadeiramente o título de esposa do bom velhinho possua (mesmo que a dita cuja tenha pedido de Natal uma ida à mesa de algum cirurgião plástico). Enquanto o senhor de barbas brancas (em alguns shoppings, falsas) chegam para trabalhar apenas a partir das 18h e vão embora por volta das 22h, trabalhando apenas 4h por dia, sentado, tirando foto e dizendo coisas do tipo "ho, ho, ho, ho" - faço uma ressalva que usar aquela roupa no calor de Salvador e ficar ouvindo ladinha de criança não é lá uma coisa muito agradável - mas nada se compara ao trabalho das estagiárias da casa do Papai Noel, uma espécie de Neverland do Michael Jackson, com roupas estilizadas, bem apertadas no corpo, sorriso aberto desde às 9h controlando aquelas dúzias de crianças que precisam tirar foto de alguma decoração natalina e mães desesperadas para testar a câmera do celular que ganhou da operadora em tempos de portabilidade.Anyway, ironias à parte, só queria ser solidária a estas moças que buscam estes empregos temporários que pagam pouco, trabalha muito e ainda precisam manter a maquiagem no final do dia. Haja, de fato, espírito natalino.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Own my Own - imagens de uma semana

Na noite febril tento repassar tudo aquilo que está preso aqui na retina, todas as imagens, os sons, os cheiros. Pois mesmo já sendo a quinta vez, meu corpo ainda parece sentir seus efeitos.

O céu que penetra em mim de forma abrupta fazendo-me perder muitas vezes o ar e sentindo-o queimar enquanto circula pelas minhas cavidades. Fazendo lacrimejar meus olhos como se a capacidade de ver tudo aquilo que você quer me mostrar fosse um misto de pecado e emoção.

Nunca me senti tão só, mas ao mesmo tempo nunca me senti tão bem acompanhada de alguém que eu havia perdido pelo caminho. Uma sensação poderosa de andar de óculos escuros e casaco de frio olhando em direção ao Sol forte e o vento gelado acariciando os meus cabelos enquanto Fiona Apple suspira uns versos em meus ouvidos. É assim você: as quatros estações do ano em 24h. Assim estou eu.

O estado primaveril de menina deslumbrada com a vida, ainda colorida, à espera do desabrochar ao comportamento blasé, calado; sépia, como as folhas que caem delicada e descompromissadamente até tocarem o chão. Das chuvas e tempestades devastadoras, capazes de destruir em minutos toda uma vida. O calor que queima e deixa sede. Sede de sonhos, de promessas e de seu colorido diferente - um tanto quanto riscado e acinzentado – porém belo pela sua arquitetura única e imponente.

"My fever burns me deeper than I've ever shown to you."



domingo, 16 de novembro de 2008

Cara desconhecida,

recebi sua cartinha, vou respondê-la como você me pediu, mas talvez não seja esta a resposta que escrevo agora. Seja algo mais compatível com sua idade e seus desejos. O que eu posso dizer? Mais do que purpurina e desenhos coloridos, eu vi um monte de sonhos, vi esperança num futuro que sabe lá nós como chegará. Só queria te dizer que continue assim: sonhando, planejando, esperançosa. O caminho não é fácil para quem sonha. Muitas vezes você vai se sentir cansada nesta jornada em prol daquilo que você acredita, mas você é bem jovem, pode e tem o direito de mudar de opinião quantas vezes você quiser. E mude sempre que achar necessário. Mude de escola, mude de casa, mude de sonho, mude de vida.
Você cita que gosta muito de estudar, mas não se limite apenas aos livros e ao quadro-negro. Há uma escola muito maior, cheia de desafios cujas questões não são de múltipla escolha e muito menos tem resposta correta. Ela chama-se vida. E ser repetente nesta escola não é motivo de vergonha, você sempre tem a oportunidade de aprender novas coisas. Ou não.
O Seu José e a Dona Cremilda preocupam-se muito contigo? Só não deixe que esta preocupação se transforme em sufocamento e nem deixe de ser quem você é para ser aquilo o que os outros esperam que você seja...
Apesar de achar que esta cartinha está mais endereçada para uma cara conhecida, vista todos os dias no espelho, saiba, querida remetente, que esta Mamãe Noel vai tentar não falhar contigo e de uma certa forma manter toda a magia do Natal acessa dentro de você.
Desejo que continue escrevendo cartas a desconhecidos cheias de purpurina e acreditando, tendo fé, que algum anônimo vai realizar o seu desejo. Seja uma boa menina. Sempre.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Pequenos Prazeres

Eu nunca pensei que passar mal ontem meio dia fosse a melhor coisa do dia. Não que passar mal seja uma boa coisa, mas foram ótimos os benefícios agregados.

Fazia muito tempo que eu não tinha uma tarde só para mim. Tarde de terça. Dormir algumas horas completamente nua numa cama confortável e enorme, tomar banho morno demorado, ouvindo rádio e fazendo espuma. Preparar café às 15h, sentir aquele cheiro invadir toda a casa, degustar cada gole esparramada no sofá. TV desligada, eu, a janela, o silêncio e o tempo.

Perder quase meio quilo e ficar desidratada não foi nada comparado ao imenso prazer da minha tarde. Minha. Sem a companhia de pai, mãe, telefones, chefes, clientes, nem dores nas costas. Somente eu e os prazeres simples da vida de uma tarde de terça-feira.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

2º Turno

O dia 26/10 para algumas pessoas foi a data da escolha final daquele que governará seus municípios nos próximos 04 anos. Para mim, além disto, foi aquela oportunidade que acontece nos períodos eleitoreiros para reencontrar colegas do jardim de infância que por casamento, melhora de vida ou tédio mesmo se mudaram do bairro onde nasceram. E não entenda reencontrar como uma coisa amistosa, daquela cheia de abraços, beijos e perguntas sobre se tudo vai bem. O reencontro é, digamos, através de olhares curiosos, meio de lado para não dar bandeira de que estamos medindo-os de cima a baixo. É estranho e curioso analisarmos no que se transformou o valentão da turma, a menina bonitinha paquerada por todos, o CDF que não dava cola e todos aqueles estereotipo que por algum tempo formaram o centro da sua vida. Vários anos depois, muita coisa mudou, ou talvez nada tenha mudado, depende do ponto de vista de cada um. Eu vi meninas que outrora eram fortes candidatas a Miss Mundo hoje mulheres descuidadas, carregando seus filhos como se fossem fardos. Incrível como as outras pessoas que eu admirava e queria ser quando "crescer", hoje são, nada mais, nada menos, do que aquilo que eu definitivamente não quero ser. Nesta dança da desilusão meu questionamento agora é: em quantos pontos percentuais estaria o meu ibope? Seria eu um candidato com velhas promessas não cumpridas, assim como alguns dos meus colegas de infância, ou uma esperança de novidade neste palanque da vida?

domingo, 12 de outubro de 2008

Perder-se Também é Caminho

Mais do que companhia constante, você sempre foi o equilibro, o apoio, o que me mantinha de pé e por muitos anos fomos assim: eu e você. Uma cumplicidade, uma simbiose, um jogo de interesse. Eu não caia, mas você não me deixava correr. Pergunto-me quando você surgiu, esta forma de apêndice que eu sempre tive medo do dia em que supuraria. Não me entenda mal, você me permitiu avanços, graças a você consegui andar por terras estrangeiras com segurança, mesmo que de forma superficial. Você foi o álibi contra o medo, a rede embaixo do trapézio neste nosso grande picadeiro. Eu que sonhava em correr pelos campos abertos como uma legítima sagitariana, sentir o frio na barriga de um mergulho do alto sem saber o que encontraria na chegada. Não, não, não... Havia sempre você, o mal necessário. Um mal quando não era mais necessário, quando eu não percebia que não precisava mais de você. Mas eu era acostumada ao seu peso, ao seu encaixe, mesmo que isto mudasse a minha forma, minha anatomia...

 

Eis que por sorte, por destino, por falta de opção ou sei lá o que, a gente entra em contato com as partes mais silenciosas da alma, aquela do grito interno, a que nos mata nos fazendo perder o medo do que é novo, daquilo que não se entende e se entrega por completo à desorientação. Esta desorientação que me tirou da sonsa e inquieta rotina de prisioneira criando a coragem infantil de perder-me a ponto de te abandonar.  Adeus 3ª perna. Ficamos por aqui. Agora somos eu, o mundo e o desconhecido.

 

Apesar de não saber o que fazer com a aterradora liberdade que sinto, uma coisa é certa: a gente não avança sem deixar um monte de coisa para trás.



terça-feira, 30 de setembro de 2008

Aprendendo a viver bem...

... com as coisas que não se tem.



terça-feira, 23 de setembro de 2008

Refletindo com Rabuga



Sobre aquilo que queremos

Sempre aprendi na escola que a pirâmide de Maslow representava os níveis hierárquicos dos desejos dos seres humanos e estes vinham num crescente desde a base até o topo. O homem primeiro deveria satisfazer suas necessidades fisiológicas até atingir a realização pessoal. Hoje já existem outras pirâmides, outras teorias, outros conceitos que contestam (e com razão) Maslow. Eu que nunca fui estudiosa deste departamento e por isto mesmo sempre apostei na minha intuição, nunca acreditei na tal pirâmide simplesmente pelas coisas que eu queria, pelas coisas que eu sentia e tudo aquilo estava mais para uma massa de bolo do que para uma pirâmide.

 

E ontem conversando com uma amiga sobre o que queremos ou saber o que queremos, fiquei um tempo pensando depois da conversa e a questão é: já vi diversas pessoas falando que já sabem o que não querem da vida, como se tudo se resumisse a um jogo de exclusão. “Isto não, isto também não, já provei isto e não gostei”. Mas porque será que saber o que se quer é tão difícil? E vou mais além, porque precisamos saber o que queremos? É uma cobrança nossa? É uma cobrança da sociedade? Só seremos felizes de fato se soubermos? Não podemos querer muitas coisas em alguns momentos e em outros não querer absolutamente nada e mesmo assim estarmos bem?

 

Falando por mim, o que posso dizer é que eu sempre sonhei com portas que eu nunca alcançava e quando eu as conseguia abrir não havia nada do outro lado, uma busca sem fim atrás de algo que eu não fazia idéia do que seria. Às vezes me questionava se eu vivia numa frase de Clarice: “o que eu desejo ainda não tem nome” e este tipo de coisa me roubava muitas horas de sono levando-me a tentar me encaixar em algum cantinho apenas para não me sentir parte da Legião Estrangeira. De qualquer forma, hoje eu sei o que estava lá atrás daquelas portas, não sei se é exatamente aquilo que eu quero ou que eu sei que quero, mas é algo que me impulsiona, mas acima de tudo é algo que me faz bem e me faz feliz.

 

Estarmos bem deve ser sempre a base, o meio e topo da nossa tabela de Maslow. E isto vale para quem sabe o quer e para quem não sabe também. E deve bastar.



domingo, 21 de setembro de 2008

A Cegueira e a Velhinha do Guarda-Chuva Grande

Ontem fui assistir “Ensaio Sobre a Cegueira” adaptação do livro de Saramago que levei muito tempo para terminar de ler, mas não vou falar aqui de como o cinema estava lotado, de como muita gente que mal sabe quem é Saramago foi ver o filme porque é dirigido por um brasileiro ou falar das diferenças entre o livro e o filme.

Prefiro falar da velhinha do guarda-chuva grande que chegou minutos antes de começar o filme subindo lentamente os degraus amparada por uma jovem que deveria ser neta ao algo do tipo. Não havia lugares para que as duas sentam-se uma ao lado da outra, a solução foi a jovem sentar-se numa fileira e a senhora do guarda-chuva na fileira acima ao lado da menina de casaco rosa. Pois bem, apesar de 10 em 10 minutos ela fazer sinal de positivo para a jovem da fileira abaixo, os olhos estavam fixos naquela telona, assistindo atentamente à película. Não acredito que ela estivesse preocupada em olhar a fotografia do filme, nem que tenha atentado para a trilha sonora, o que ela queria mesmo era assistir ao filme sem compromisso. E assim foi durante os 124 minutos de exibição. Uma interação total com os personagens. Os olhos não piscavam e os lábios pintados de vermelho se pronunciavam sempre, ora para alertar um dos cegos de que ele iria esbarrar em algo, ora para orientar a Julianne Moore a corta o pênis do Gael com a tesoura pendurada na TV. Enquanto isto, a menina de casaco rosa não sabia se achava mais fascinante acompanhar o filme pelos olhos da velhinha que narrava o filme como se ele fosse uma sessão de Supercine misturada com novela das oito ou se atentava à treva branca de Saramago e Meirelles.

Não importa que tipo de visão tenhamos, o cinema, o bom cinema, as boas histórias têm sempre esta capacidade de nos emocionar, nos transportar para vários mundo, nos transformar em narradores, torcedores, sofredores... A menina do casaco rosa agradece à velhinha do guarda-chuva grande pela companhia anônima e pela emoção naquela sala escura.



sábado, 20 de setembro de 2008

Manhã de sábado chuvosa

Por Amor (Ira!)

Movido apenas por amor vou em frente
E é sempre, apenas, por amor que eu reduzo
Às vezes certo, as vezes meio confuso
Mas sempre forte, sempre, sempre mais quente
Se existe gente a minha volta eu não vejo
Pois o desejo é como um véu que me cobre
E se a distância me revela ser pobre
Mais rico estou quanto mais perto de um beijo.

Por amor,
Eu perco o dia inteiro querendo te ver
Eu como tão depressa e nem sinto prazer
Por amor...

Por amor,
Enfrento a tarde e o cinza do céu
Eu passo as noites chorando num quarto de hotel
Por amor...

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

At My Most Beauties...

A música belíssima do REM tem um refrão que diz: “I've found a way to make you, I've found a way to make you smile...” Infelizmente ainda não encontrei a fórmula para deixar vocês felizes e muito menos um jeito de estancar um pouco  do sangue no peito, mas posso mimar, mesmo de longe, usando uma outra música do REM tão bela quanto:


When your day is long

And the night - the night is yours alone

When you're sure you've had enough of this life

Hang on


Don't let yourself go

'cause everybody cries

and everybody hurts, sometimes


Sometimes everything is wrong

Now it's time to sing along

When your day is night alone (hold on, hold on)

If you feel like letting go (hold on)

If you think you've had too much of this life

To hang on


'Cause everybody hurts

Take comfort in your friends

Everybody hurts

Don't throw your hand, oh no

Don't throw your hand

If you feel like you're alone

no, no, no, you're not alone


If you're on your own in this life

The days and nights are long

When you think you've had too much of this life, to hang on


Well, everybody hurts

sometimes, everybody cries

And everybody hurts, sometimes

But everybody hurts, sometimes

So hold on, hold on, hold on, hold on, hold on,

hold on, hold on, hold on


Everybody hurts


You're not alone

domingo, 14 de setembro de 2008

Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia...

Há pouco tempo atrás o exercício de me olhar no espelho causa-me tamanha estranheza. É engraçado ver a ação do tempo tomando forma nas linhas dos meus olhos, as pequenas rugas surgindo, a olheira funda que não some mais com uma boa noite de sono (nem com várias noites, para ser mais sincera), o fio de cabelo branco solitário que teima em sacudir todas as vezes que passo o pente nas madeixas... É quando de verdade eu paro e penso que em dezembro, logo ali, vou virar uma balzaquiana. Não que eu esteja na crise dos 30 ou algo parecido. Pelo contrário, ainda me acho uma criança cheia de sonos e projetos cuja realização estão por vir. Acabei lembrando de quando eu tinha por volta dos 14 anos e uma senhora evangélica anunciou o fim do mundo no ano de 2000 para mim. Isto não se faz com uma adolescente. Eu lembro que fiquei imediatamente desesperada contando nos dedos quantos anos eu teria no ano 2000. Vinte e dois. Era esta a idade. E eu imaginando o que dava para fazer da vida até lá. Ter diploma, emprego e filho. Eram estas as minhas ambições para 2000 e imaginar que não conseguiria realiza-las me deixou angustiada por dias. Eu lembro de ter chegado em casa em prantos e minha avó perguntado o que havia acontecido e eu chorava e explicava sobre o final do mundo que na prática não aconteceu.Hoje eu me vejo em quase 2009 e vejo que não anseio nada daquilo que eu queria aos 14 anos. E mais, acho que nunca me senti tão ao sabor do destino, sem planejar muito, apenas com a certeza do que realmente quero da vida. É como se a vida estivesse sempre começando e o “fim do mundo” é só mais um pretexto para de fato começar a viver.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Ritual...

Vira-se para um lado. Depois para o outro. Algumas vezes pára no meio e abraça o travesseiro. A respiração é alta e o coração bate mais acelerado do que o normal. Ah! E para acordar? Primeiro uma sequência de estiramentos e logo depois uma caminhada no automático em direção à cozinha. E tudo isto numa mudez digna de monges budistas.

E eis que chega o objeto de desejo: café e mais café. Goles pequenos, testando a validade e o sabor dos grãos, depois vem o cigarro. Baforadas sutis, degustando cada tragada e enquanto isto a face, os olhos parecem estar em outro lugar, pensando em um não-sei-lá-o-que...

Finda-se o cigarro e o café. A mente parece começar a funcionar e termina o ritual do despertar.
Agora ela já pode iluminar o dia das pessoas.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Young

"Num amor que não conhece o patético das costeletas ou o papelão de um tropeço. Um sentimento desses, está claro, pode mudar todas as pedras de lugar. Içar a poita de um navio naufragado. Arrancar Orlando do seu castelo. Fazer Orlando dar aquele seu maldito e indefinido sexo. Amor, paixão, ódio, nada consegue provar se há diferença entre eles. De igual, para começar o efeito de mudança sobre si mesmo e, meu rapaz, mudar não é coisa para qualquer um. Por isso tem tanta gente que não ama, nem é amado. São os que não aguentam levantar a tampa que os protege do incerto, e mudar. Pois a paixão é incerta, não aceitando o estabelecido. O amor, pior, engana, garantindo que poderá ser estável e infinito. E o ódio, rapaz, esse é sempre eterno. Portanto, quem é que não ama, não se apaixona, não odeia? Os covardes? Com certeza. Os covardes, entretanto, sábios. Naquele conceito de sabedoria que mata você de velho. E morrer de velho, convenhamos, é a coisa mais humilhante do mundo."

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Deja Vu

Não era o meu caminho. Mas não hesitei nem um pouco ao ver aquele intinerário que costumava a me levar a você. Durante o caminho fui revivendo cada sensação de ansiedade e urgência. Lembrei do enorme tempo que levei para chegar na primeira vez que fui. Chovia torrencialmente e eu não fazia menor idéia para que lado ir.
Vi os coqueiros, senti o vento frio que vem dos mares à noite. Andei, com um nó na garganta, por toda aquela calçada esburacada ontem as pessoas ajeitadas costumam andar com a tradicional falta de pressa das pessoas quem moram na praia. Ouvi o barulho ensurdecedor daquelas casas de show de gosto altamente duvidoso e descobri que eles não cobram couvert artístico nas quartas e quinta, passei na porta daquela pseudo rodízio-churrascaria-pizzaria de gosto mais duvidoso ainda. Passei pela lavanderia, local bastante frequentado pelas suas roupas. E vi o movimento na barraca de tapioca. Aquela lista infinita de sabores: tapioca com doce, com salgados, com gosto exótico, enfim, para todos os gostos. E a baiana do acarajé? Continua lá com seus trajes e pose de "uma das quituteiras mais famosas da Bahia", distribuindo as fichas para nativos e estrangeiros enquanto as ajudantes servem a freguesia usando um modelo interessante de lógistica: "quem chegou primeiro? Próximooooo..."
Cheguei à rua do prédio amarelo. Ele continua lá, com seu grande portão da garagem na frente. A diferença é que a última janela não fica mais aberta, nem as luzes acessas.

Alguém me disse que a mudança repentina de destino na quarta-feira foi um ato falho. Eu tenho por mim que foi "apenas" saudades.

domingo, 3 de agosto de 2008

No inspiration

Quer coisa mais chata ter tanta coisa para escrever e não saber por onde começar?

Cortázar

"Toco a sua boca, com um dedo toco o contorno da sua boca, vou desenhando essa boca como se estivesse saindo da minha mão, como se pela primeira vez a sua boca se entreabrisse, e basta-me fechar os olhos para desfazer tudo e recomeçar. Faço nascer, de cada vez, a boca que desejo, a boca que a minha mão escolheu e desenha no seu rosto, e que por um acaso que não procuro compreender coincide exatamente com a sua boca, que sorri debaixo daquela que a minha mão desenha em você."

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Pessoa

Começo a conhecer-me. Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram, ou metade desse intervalo, porque também há vida ...
Sou isso, enfim ...
Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulhos de chinelos no corredor.
Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato.

Embalos de quarta à noite

Ilusión

Julieta Venegas e Marisa Monte


Uma vez eu tive uma ilusão
E não soube o que fazer
Não soube o que fazer
Com ela
Não soube o que fazer
E ela se foi
Porque eu a deixei
Por que eu a deixei?
Não sei
Eu só sei que ela se foi

Mi corazón desde entonces
La llora diario
No portão
Por ella no supe que hacer
y se me fue
Porque la deje
¿Por que la deje?
No sé
Solo sé que se me fue

Sei que tudo o que eu queria
Deixei tudo o que eu queria
Porque não me deixei tentar
Vivê-la feliz

É a ilusão de que volte
O que me faça feliz
Faça viver

Por ella no supe que hacer
Y se me fue
Porque la deje
¿Por que la deje?
No sé
Solo sé que se me fue

Sei que tudo o que eu queria
Deixei tudo o que eu queria
Porque não me deixei tentar
Viver-la feliz

terça-feira, 22 de julho de 2008

Felling Good

Eu + a chuva + Nina Simone.

domingo, 20 de julho de 2008

Soundtrack of the day

As coisas têm peso, massa, volume, tamanho, tempo, forma, cor, posição, textura, du-ração, densidade, cheiro, valor, consistência, pro-fundi-dade, contorno, temperatura, função, aparência, preço, des-tino, idade, sentido. As coisas não têm paz.

(As Coisas - Arnaldo Antunes)

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Sobre a madrugada

Arrumei uma nova amiga. Graças a insônia, tenho desfrutado da madrugada. Confesso que continuo sentindo medo dela, porque eu não sei se é pior os pensamentos de quando estou acordada ou enquanto durmo. A questão é que o silêncio e a privacidade que só consigo ter nesta casa durante o sono dos outros, nunca me foram tão sábios e ao mesmo tempo tão dolorosos. A angustia de não conseguir dormir é plenamente superada por um tormento que marca meus olhos de Os sonhos mudaram, não existem mais portas verdes, nem escadas sem fim; as enxaquecas não me visitam há bastante tempo, parece que tudo isto foi substituido por um estado de alerta constante, onde perguntas e questionamentos trabalham a todo vapor. Acho que nunca me conheci tanto e ao mesmo tempo desconheço tudo aquilo que eu achava que conhecia muito bem sobre mim.

...para a Kbeçuda loira...

... faz tempo que não te digo isto, mas eu te amo e você é muito importante para mim.
E eu ainda vou te dar um quadro de Monet de presente! rs.

E a gente vai vivendo...

quinta-feira, 17 de julho de 2008

A bonita que gira, gira e suas filosofias...

- e o q vc acha sobre tudo isto?
- Que não ha nada melhor no mundo pra se sentir e nada mais doloroso.

- mas nunca termina de fato, né?
-Não. Nunca.

- Já pensei sobre isso e não tenho resposta.
- não é de enlouquecer?
- Nem me fala. Eh de enlouquecer a ponto de ser irreversivel.

- mas não tão louca a ponto de achar q tudo isto q estou falando é loucura.
- Entendo e compactuo.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

D. says: "é uma dor que não nos cabe."

M. says: "em um momento você está ali, sentindo o gosta da vida, na sua pele, nos seus poros, nas sua entranhas e de uma hora para outra seu coração é arrancado e você vira uma alma no limbo..."

domingo, 6 de julho de 2008

Passional

Já disse Heráclito: "um homem não se banha duas vezes no mesmo rio", depois que você mergulha na essência da vida, você deixa de ser o que você era e passa a ser a vida pulsante, a veia que corre, o sangue que ferve, o coração que sangra. A loucura nunca esteve tão ao lado e tudo o que você sabia sobre a vida não vale nada, porque quem manda já não é aquela que se banhou no rio da vida, mas sim, a quer se afogar nele.

Lei da física

As pessoas não seguem em frente. Elas andam em círculos...

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Sobra tanta falta - II

"Mas são tantas memórias. A gente tem tantas memórias. Eu fico pensando se o mais difícil no tempo que passa não será exatamente isso. O acúmulo de memórias, a montanha de lembranças que você vai juntando por dentro. De repente o presente, qualquer coisa presente. Uma rua, por exemplo. Há pouco, quando você passou perto de Pinheiros eu olhei e pensei, eu já morei ali com o Beto. E a rua não é mais a mesma, demoliram o edifício. As ruas vão mudando, os edifícios vão sendo destruídos. Mas continuam inteiros dentro de você. Chega um tempo, eu acho, que você vai olhar em volta sem conseguir reconhecer nada." [Caio F.]

"Olhei para tua cama vazia, e para os livros sobre o caixote branco, e para as roupas no chão, e para a chuva que continuava caindo além das janelas, e para a pulseira de cobre que meu amigo me deu, e para a ausência do amigo queimando o pulso direito, mas perguntaste novamente se eu estava disposto a continuar tecendo — e então eu disse que sim, que estava disposto, que eu teceria. Que eu teço. " [Caio F.]

Sobra tanta falta - I

"Um hálito de música ou de sonho, qualquer coisa que faça quase sentir, qualquer coisa que faça não pensar."

quarta-feira, 18 de junho de 2008

E o fim...

... é belo, incerto, depende de como você vê.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

As sem-razões...

·Me atire, a garota na ponte.
·Você me tem retalhada, de olhos fechados, de olhos abertos, fixos, em seus olhos de correnteza azul na ponte. ·Saudade, e você não me falta.
·Colada à sua boca, a minha desordem.
·Tudo sangra em primeira pessoa, é sempre um somatório, um acúmulo de vertigens nos meus olhos, o corpo se esvaindo nos olhos, os sonhos, as febres, a voz, os cabelos e dedos trêmulos tomando chocolate quente de pernas cruzadas. Apertando a testa e escrevendo em público como se eu fosse uma senhora grave e velha. Quase não enxergo as palavras, a letra maior e pior, não importa, afinal. Não importa também se está legível a quem quer que passe a palavra calada borrada de chocolate sob o pires.
·Sou inofensiva, isso importa.
·E agora me soa sempre meio drama mexicano, esse negócio de escrever "sangrar", "olhos", "lágrimas".
·As sem-razões do amor.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Simplesmente amor

"Amor é a coisa mais alegre
Amor é a coisa mais triste
Amor é a coisa que mais quero
Por causa dele falo palavras como lanças
Amor é a coisa mais alegre
Amor é a coisa mais triste
Amor é a coisa que mais quero
Por causa dele podem entalhar-me:
Sou de pedra sabão.
Alegre ou triste
Amor é a coisa que mais quero."

domingo, 18 de maio de 2008

Thinking in the Rain

Adoro caminhar na chuva. A rua vazia, a água caindo torrencialmente do céu e eu meus pensamentos parecem ser os únicos a vagar.
Faz tempo que não me sinto tão bem, uma sensação de paz, de recuperação do centro, de andar em terra firme e não mais em areia movediça. Não é porque chove que eu me sinto assim. A chuva me faz lembrar que ninguém manda no tempo.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Amanhecendo...

E que a chuva que cai neste momento, possa levar de vez tudo aquilo que povoa a mente. Amém.

terça-feira, 6 de maio de 2008

For Your Babies

You've got that look again
The one I hoped I had when I was a lad
Your face is just beaming
Your smile got me boasting, my pulse roller-coastering
Anyway the four winds that blow
They're gonna send me sailing home to you
Or I'll fly with the force of a rainbow
The dream of gold will be waiting in your eyes

You know I'd do most anything you want
Hey I, I try to give you everything you need
I can see that it gets to you

I don't believe in many things
But in you I do

Her faith is amazing
The pain that she goes through contained in the hope for you
Your whole world has changed
The years spent before seem more cloudy than blue
In many ways your baby's controlling
When you haven't laid down for days
For the poor no time to be thinking
They're too busy finding ways

You know I'd do most anything you want
Hey I, I try to give you everything you need
I'll see that it gets to youI don't believe in many things
But in you I do

You know I'd do most anything you want
Everyday I, I try to give you everything you need
We'll always be there for youI don't believe in many things
But in you I do

sábado, 3 de maio de 2008

Feeling Good...

"Birds flying high you know how I feel
Sun in the sky you know how I feel
Breeze driftin' on by you know how I feel

It's a new dawn
It's a new day
It's a new life
For me
And I'm feeling good

Fish in the sea you know how I feel
River running free you know how I feel
Blossom on the tree you know how I feel

Dragonfly out in the sun you know what I mean, don't you know
Butterflies all havin' fun you know what I mean
Sleep in peace when day is done
That's what I mean

And this old world is a new world
And a bold world
For me
Stars when you shine you know how I feel
Scent of the pine you know how I feel
Oh freedom is mine
And I know how I feel

It's a new dawn
It's a new day
It's a new life
For me
And I'm feeling good"

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Numb

I feel numb
I feel numb
Too much is not enough
Gimme some more
Gimme some more
Of that stuff love
Too much is not enough
Too much is not enough
I feel numbI feel numb
Gimme what you got
Gimme what I don't get
Gimme what you got
Too much is not enough
I feel numb
I feel numb
Gimme some more
Gimme some more
Of that stuff love
Gimme some more
Too much is not enough
I feel numb
I feel numb

domingo, 27 de abril de 2008

Desassossego

"pedi tão pouco a vida e esse mesmo pouco a vida me negou..."

Soundtrack

"Aquela vida sem sentido
Volta sem perigo
A mesma vida tudo
Tudo sempre igual..."
(Vida Louca Vida - Lobão)

"Eu quero a sorte de um amor tranqüilo"
(Todo Amor Que Houver Nesta Vida - Cazuza)

"No more lonely nights
Never be another
No more lonely nights"
(No More Lonely Nights - Paul McCartney)

"'Cause love's such an old fashioned word
And love dares you to care for
The people on the edge of the night
And loves dares you to change our way of
Caring about ourselves
This is our last dance"
(Under Pressure - Queen)

"Eu não peço desculpa
E nem peço perdão
Não,não é minha culpa
Essa minha obsessão
Já não agüento mais
Ver o meu coração
Como um vermelho balão
Rolando e sangrando,
Chutado pelo chão."
(Eu Não Peço Desculpa - Caetano Veloso)

Muitas dores de um Amor nada Rômantico

"Estar apaixonado é olhar através da pessoa e com isso perdê-la, somente a lâmpada que ilumina o amor traz a realidade de volta. Quantos dias perdi você, olhando para mim, dentro do seu corpo. Enfiando-me em ti, e tu em mim, para revogar a dor de sermos Dois- e Dois sempre tão longe...Quanto de toda essa soma delirante tornou a perda inexorável? Quero pedir desculpas por ser trovadora. Quero apagar os versos que aludiam a um Deus como meu desejo projetivo. Quero ser mulher, não uma sublime ilusão que dura um encontro espumante. E não quero mais o que não posso ter, assim estamos livres para sermos Um. Só isso, e isso é tão grande quanto a Irlanda, e a Irlanda pode ser nosso reino interior, pois sonhar não é loucura, é viver aindaUm pouco mais...Dia após dia".

(Fernanda Young - Dores do Amor Rômantico)

Sangrando... parte 2

E o meu corpo sempre sangrou por você. Literalmente.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Sangrando...

Dificil saber se é mais por dentro ou por fora...

domingo, 20 de abril de 2008

Renascendo

"Já me matei faz muito tempo
Me matei quando o tempo era escasso
E o que havia entre o tempo e o espaço
Era o de sempre
Nunca mesmo o sempre passo
Morrer faz bem à vista e ao baço
Melhora o ritmo do pulso
E clareia a alma
Morrer de vez em quando é a única coisa que me acalma."
(Paulo Leminski)

Morri esta semana, como já morri inúmeras vezes. E ao mesmo tempo que doía tudo, eu me sentia oca por dentro. Mas como bem diz Leminski: "morrer de vez em quando é a única coisa que me acalma". É na calma que busco respostas para todas as perguntas cujas respostas são impassíveis. É na calma que encontro outras respostas além do não sei. É na calma que me organizo, para me desorganizar novamente. É na calma que me preparo para mergulhar na trovoada, ir em busca da Irlanda e viver um pouco mais... Dia após dia.