quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Young

"Num amor que não conhece o patético das costeletas ou o papelão de um tropeço. Um sentimento desses, está claro, pode mudar todas as pedras de lugar. Içar a poita de um navio naufragado. Arrancar Orlando do seu castelo. Fazer Orlando dar aquele seu maldito e indefinido sexo. Amor, paixão, ódio, nada consegue provar se há diferença entre eles. De igual, para começar o efeito de mudança sobre si mesmo e, meu rapaz, mudar não é coisa para qualquer um. Por isso tem tanta gente que não ama, nem é amado. São os que não aguentam levantar a tampa que os protege do incerto, e mudar. Pois a paixão é incerta, não aceitando o estabelecido. O amor, pior, engana, garantindo que poderá ser estável e infinito. E o ódio, rapaz, esse é sempre eterno. Portanto, quem é que não ama, não se apaixona, não odeia? Os covardes? Com certeza. Os covardes, entretanto, sábios. Naquele conceito de sabedoria que mata você de velho. E morrer de velho, convenhamos, é a coisa mais humilhante do mundo."

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