terça-feira, 30 de setembro de 2008

Aprendendo a viver bem...

... com as coisas que não se tem.



terça-feira, 23 de setembro de 2008

Refletindo com Rabuga



Sobre aquilo que queremos

Sempre aprendi na escola que a pirâmide de Maslow representava os níveis hierárquicos dos desejos dos seres humanos e estes vinham num crescente desde a base até o topo. O homem primeiro deveria satisfazer suas necessidades fisiológicas até atingir a realização pessoal. Hoje já existem outras pirâmides, outras teorias, outros conceitos que contestam (e com razão) Maslow. Eu que nunca fui estudiosa deste departamento e por isto mesmo sempre apostei na minha intuição, nunca acreditei na tal pirâmide simplesmente pelas coisas que eu queria, pelas coisas que eu sentia e tudo aquilo estava mais para uma massa de bolo do que para uma pirâmide.

 

E ontem conversando com uma amiga sobre o que queremos ou saber o que queremos, fiquei um tempo pensando depois da conversa e a questão é: já vi diversas pessoas falando que já sabem o que não querem da vida, como se tudo se resumisse a um jogo de exclusão. “Isto não, isto também não, já provei isto e não gostei”. Mas porque será que saber o que se quer é tão difícil? E vou mais além, porque precisamos saber o que queremos? É uma cobrança nossa? É uma cobrança da sociedade? Só seremos felizes de fato se soubermos? Não podemos querer muitas coisas em alguns momentos e em outros não querer absolutamente nada e mesmo assim estarmos bem?

 

Falando por mim, o que posso dizer é que eu sempre sonhei com portas que eu nunca alcançava e quando eu as conseguia abrir não havia nada do outro lado, uma busca sem fim atrás de algo que eu não fazia idéia do que seria. Às vezes me questionava se eu vivia numa frase de Clarice: “o que eu desejo ainda não tem nome” e este tipo de coisa me roubava muitas horas de sono levando-me a tentar me encaixar em algum cantinho apenas para não me sentir parte da Legião Estrangeira. De qualquer forma, hoje eu sei o que estava lá atrás daquelas portas, não sei se é exatamente aquilo que eu quero ou que eu sei que quero, mas é algo que me impulsiona, mas acima de tudo é algo que me faz bem e me faz feliz.

 

Estarmos bem deve ser sempre a base, o meio e topo da nossa tabela de Maslow. E isto vale para quem sabe o quer e para quem não sabe também. E deve bastar.



domingo, 21 de setembro de 2008

A Cegueira e a Velhinha do Guarda-Chuva Grande

Ontem fui assistir “Ensaio Sobre a Cegueira” adaptação do livro de Saramago que levei muito tempo para terminar de ler, mas não vou falar aqui de como o cinema estava lotado, de como muita gente que mal sabe quem é Saramago foi ver o filme porque é dirigido por um brasileiro ou falar das diferenças entre o livro e o filme.

Prefiro falar da velhinha do guarda-chuva grande que chegou minutos antes de começar o filme subindo lentamente os degraus amparada por uma jovem que deveria ser neta ao algo do tipo. Não havia lugares para que as duas sentam-se uma ao lado da outra, a solução foi a jovem sentar-se numa fileira e a senhora do guarda-chuva na fileira acima ao lado da menina de casaco rosa. Pois bem, apesar de 10 em 10 minutos ela fazer sinal de positivo para a jovem da fileira abaixo, os olhos estavam fixos naquela telona, assistindo atentamente à película. Não acredito que ela estivesse preocupada em olhar a fotografia do filme, nem que tenha atentado para a trilha sonora, o que ela queria mesmo era assistir ao filme sem compromisso. E assim foi durante os 124 minutos de exibição. Uma interação total com os personagens. Os olhos não piscavam e os lábios pintados de vermelho se pronunciavam sempre, ora para alertar um dos cegos de que ele iria esbarrar em algo, ora para orientar a Julianne Moore a corta o pênis do Gael com a tesoura pendurada na TV. Enquanto isto, a menina de casaco rosa não sabia se achava mais fascinante acompanhar o filme pelos olhos da velhinha que narrava o filme como se ele fosse uma sessão de Supercine misturada com novela das oito ou se atentava à treva branca de Saramago e Meirelles.

Não importa que tipo de visão tenhamos, o cinema, o bom cinema, as boas histórias têm sempre esta capacidade de nos emocionar, nos transportar para vários mundo, nos transformar em narradores, torcedores, sofredores... A menina do casaco rosa agradece à velhinha do guarda-chuva grande pela companhia anônima e pela emoção naquela sala escura.



sábado, 20 de setembro de 2008

Manhã de sábado chuvosa

Por Amor (Ira!)

Movido apenas por amor vou em frente
E é sempre, apenas, por amor que eu reduzo
Às vezes certo, as vezes meio confuso
Mas sempre forte, sempre, sempre mais quente
Se existe gente a minha volta eu não vejo
Pois o desejo é como um véu que me cobre
E se a distância me revela ser pobre
Mais rico estou quanto mais perto de um beijo.

Por amor,
Eu perco o dia inteiro querendo te ver
Eu como tão depressa e nem sinto prazer
Por amor...

Por amor,
Enfrento a tarde e o cinza do céu
Eu passo as noites chorando num quarto de hotel
Por amor...

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

At My Most Beauties...

A música belíssima do REM tem um refrão que diz: “I've found a way to make you, I've found a way to make you smile...” Infelizmente ainda não encontrei a fórmula para deixar vocês felizes e muito menos um jeito de estancar um pouco  do sangue no peito, mas posso mimar, mesmo de longe, usando uma outra música do REM tão bela quanto:


When your day is long

And the night - the night is yours alone

When you're sure you've had enough of this life

Hang on


Don't let yourself go

'cause everybody cries

and everybody hurts, sometimes


Sometimes everything is wrong

Now it's time to sing along

When your day is night alone (hold on, hold on)

If you feel like letting go (hold on)

If you think you've had too much of this life

To hang on


'Cause everybody hurts

Take comfort in your friends

Everybody hurts

Don't throw your hand, oh no

Don't throw your hand

If you feel like you're alone

no, no, no, you're not alone


If you're on your own in this life

The days and nights are long

When you think you've had too much of this life, to hang on


Well, everybody hurts

sometimes, everybody cries

And everybody hurts, sometimes

But everybody hurts, sometimes

So hold on, hold on, hold on, hold on, hold on,

hold on, hold on, hold on


Everybody hurts


You're not alone

domingo, 14 de setembro de 2008

Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia...

Há pouco tempo atrás o exercício de me olhar no espelho causa-me tamanha estranheza. É engraçado ver a ação do tempo tomando forma nas linhas dos meus olhos, as pequenas rugas surgindo, a olheira funda que não some mais com uma boa noite de sono (nem com várias noites, para ser mais sincera), o fio de cabelo branco solitário que teima em sacudir todas as vezes que passo o pente nas madeixas... É quando de verdade eu paro e penso que em dezembro, logo ali, vou virar uma balzaquiana. Não que eu esteja na crise dos 30 ou algo parecido. Pelo contrário, ainda me acho uma criança cheia de sonos e projetos cuja realização estão por vir. Acabei lembrando de quando eu tinha por volta dos 14 anos e uma senhora evangélica anunciou o fim do mundo no ano de 2000 para mim. Isto não se faz com uma adolescente. Eu lembro que fiquei imediatamente desesperada contando nos dedos quantos anos eu teria no ano 2000. Vinte e dois. Era esta a idade. E eu imaginando o que dava para fazer da vida até lá. Ter diploma, emprego e filho. Eram estas as minhas ambições para 2000 e imaginar que não conseguiria realiza-las me deixou angustiada por dias. Eu lembro de ter chegado em casa em prantos e minha avó perguntado o que havia acontecido e eu chorava e explicava sobre o final do mundo que na prática não aconteceu.Hoje eu me vejo em quase 2009 e vejo que não anseio nada daquilo que eu queria aos 14 anos. E mais, acho que nunca me senti tão ao sabor do destino, sem planejar muito, apenas com a certeza do que realmente quero da vida. É como se a vida estivesse sempre começando e o “fim do mundo” é só mais um pretexto para de fato começar a viver.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Ritual...

Vira-se para um lado. Depois para o outro. Algumas vezes pára no meio e abraça o travesseiro. A respiração é alta e o coração bate mais acelerado do que o normal. Ah! E para acordar? Primeiro uma sequência de estiramentos e logo depois uma caminhada no automático em direção à cozinha. E tudo isto numa mudez digna de monges budistas.

E eis que chega o objeto de desejo: café e mais café. Goles pequenos, testando a validade e o sabor dos grãos, depois vem o cigarro. Baforadas sutis, degustando cada tragada e enquanto isto a face, os olhos parecem estar em outro lugar, pensando em um não-sei-lá-o-que...

Finda-se o cigarro e o café. A mente parece começar a funcionar e termina o ritual do despertar.
Agora ela já pode iluminar o dia das pessoas.