quarta-feira, 30 de março de 2011

Dias de cão

Sexta eu li uma reportagem sobre um cachorro que foi encontrado no lixo queimado com óleo fervente e a face totalmente desfigurada (http://brasiluniversodigital.blogspot.com/2011/03/burne-o-caozinho-queimado-encontrado-no.html) e isto me partiu o coração. Já parei de tentar entender o que passa na cabeça de pessoas que fazem isto. Hoje concentro a minha energia em pensar em pessoas como uma senhora que vi na quarta à noite quando voltava do trabalho, vestida com roupas simples, comprar um churrasco daqueles de espeto. Imaginei que ela fosse comer, assim como todas as outras pessoas que estavam lá na barraca, saboreando cachorro-quente, churrasco, salgados àquela altura da noite, a fome já deveria falar mais alto. Mas eis que ela se abaixa, abre o guardanapo no chão, retira casa pedaço de carne do espeto, sacode um cachorro de rua que dormia ao lado da barraca e o acorda para que ele coma os pedaços de carne. São para estas pessoas que eu prefiro voltar meus pensamentos e acredito no que diz a última propaganda da coca-cola. Os bons são maioria.

sábado, 19 de março de 2011

Have a nice day



Há dias em que você acha que tudo o que você pensava sobre o amor estava errado, mas há dias em que você acorda e dá de cara com isto abaixo.




E está tudo bem =)

terça-feira, 8 de março de 2011

Carnaval

Muita gente que me conhece vai se surpreender com o que eu vou contar aqui, até eu não acredito sempre que lembro que ganhei uma fantasia para desfilar lá no chão dentro de uma escola de samba de SP e atravessar todo o sambódromo do Anhembi, apesar do meu histórico de Carnaval só na TV, a possibilidade de experimentar os bastidores e de toda a saga que é completar o percurso. Foi uma das experiências mais ricas que já presenciei. Cheguei às 23h na quadra da escola, exatamamente 3 horas e meia antes do horário agendado do desfile no sambódromo. Um detalhe interessante: fui apresentada a minha fantasia neste mesmo dia e fiquei boquiaberta com o tamanho dos adereços que deveria levar nas costas e cabeça.

Na quadra, aquele entra e sai de gente, na porta vendedores de bebidas todos os tipos e espécies, aquele clima de “esquenta” dava o tom do que viria a seguir: o clima de “espera”. Ser folião da sua agremiação favorita é um ato de paciência. São dezenas de ônibus estacionados próximo à quadra todos devidamente identificados com o nome da ala que deveria levar. É uma logística louvável. E os ônibus saem mais ou menos na ordem do desfile das alas, a minha era a décima, quase no meio da escola e nesta espera já se vão duas horas até chegar ao sambódromo, mas nada que tire a minha e a dos demais integrantes a animação e ansiedade para o começo do desfile. O estacionamento gigantes do Anhembi serve como uma espécie de pré-concentração, onde um mar de fantasias diferentes de diversas escolas me maravilha como criança num parque de diversões. E é lá neste estacionamento que as escolas começam a se “montar”. Ala por ala é arrumada no ordem de entrada, os adereços são colocados nos ombros, cabeças, costas, seja lá onde será carregada. Bateria, ala das baianas, mestre-sala, porta-bandeira, comissão de frente, rainha de bateria e coisas do tipo, não ficam no estacionamento junto com os pobres mortais, ficam em algum outro lugar que só pude perceber na hora da entrada por uma passarela alternativa que desembocava no sambódromo, acredito que todo este cuidado é necessário, até pela importância e cuidados que as fantasia destes elementos pedem.

Lá pelas 2h da manhã, finalmente começo a andar em direção ao sambódromo, não fazia idéia do percurso longo entre o estacionamento e a concentração e posteriormente à linha amarela de demarca o começo do desfile. Na concentração os chefes de alas e todos os ajudantes tentam fazer a última triagem nas fantasias, arrumam as filas indianas e as fileiras de 8 integrantes nas quais deveríamos nos manter sempre. 3h da madrugada, finalmente é informado pelo locutor oficial da SPTuris que o desfile vai começar em dez minutos. Ouço a bateria, ouço o puxador, mesmo sem fazer a menor idéia em qual lugar exato eles se encontram, parece que tudo acontece ali do meu lado, a falta de vínculo e desconhecimento total sobre aquela agremiação desaparecem, a partir daquele momento eu sou mais uma deles. Somem as dores nas costas, o cansaço, a vontade de ir ao banheiro e tudo o que eu sinto é a emoção das pessoas e a minha própria diante dos gritos de incentivo e introdução do samba enredo. Enquanto a comissão de frente abre o desfile, a minha ala faz um caminho onde me sinto em Wonderland. São dezenas de carros gigantes estacionados um ao lado do outro pertencentes a todas as escolas que ainda não desfilaram, muitos deles com os seus destaques já alocados em seus devidos lugares, famosos, sub-celebridades, anônimos com suas fantasias gigantescas decorandos os carros multi-coloridos e eu bem ali do lado ao alcance das mãos. Tudo balança: eu, os carros, a avenida... Finalmente cruzo a linha amarela, chegou a vez da minha ala se apresentar ao público e aos jurados.

O que na TV parece ser distante, no sambódromo é bem perto, os camarotes ficam bem ao lado da pista e eu praticamente extasiada sou levada pelo ritmo da bateria, a vontade que me deu, foi a de ficar ali parada na frente da bateria que aguardava no recuo, mas existem regras e pontuações estavam em jogo, por isto segui o trajeto conforme a cartilha do bom integrante e de tanto ouvir o samba na concentração, acabei decorando-o e cantando sorridente, esbanjando simpatia para jurados e platéia. Cruzo a linha final, chego na dispersão, algumas baianas estão desmontando suas roupas, outras ala estão misturados, finalmente vejo a comissão de frente, um guindaste retira os integrantes do carros, sou avisada de que não podemos ficar ali muito tempo e de que os ônibus estão esperando para me levar de volta à quadra, tudo muito rápido para quem esperou quase 4 horas e desfilou por cerca de uma hora. Mas tudo valeu muito, muito a pena. Do lado de fora, já no ônibus que eu esperava partir, senti a bateria colada na grade tocando, mesmo com o final do desfile, para aqueles integrantes que assim como eu fizeram parte daquele espetáculo.

Não sei se repetiria a odisséia novamente, talvez participar através de algum camarote, pois a visão é mais global e este meu pensamento me faz admirar mais ainda estes operários, estes integrantes que doam seu tempo, sua dedicação, sua paixão. Porque de fora é tudo muito lindo, muito simples, muito para “Inglês Ver” , mas quem trabalha nestas escolas, dificilmente se diverte como deveria, estão sempre alertas, preocupados com os detalhes, com a logística, com todo operacional a fim de que sua nota final não seja nada menos do que 10.

Essa morte constante das coisas

Escrevi este texto semana passada e decidi engavetá-lo estar gripada, com febre naquela época, achando que o meu estado de saúde me influenciou na constatação, mas hoje o meu sentimento é o mesmo de antes e acho que continuará assim por algum tempo. Então segue...

Existe uma pessoa que está a muitos anos em minha vida. Tantos que nem sei dizer quantos. E fomos nos aproximando, por descobrir tanto em comum, tantos sonhos, tantas dúvidas, tantos desejos. As tais “afinidades” que nos aproximou, hoje são exatamente aquilo que eu quero me manter distante. A gente resolve mudar de comportamento, mudar a direção das coisas, da vida e em determinado momento percebemos que aquele ônibus cheio de estudantes uniformizados, agora é apenas uma motocicleta guiada por você, tentando viver a buscada, e talvez um pouco ilusória, sensação de liberdade. Tento não racionalizar muito sobre isto, apenas quero atender ao pedido da minha alma que clama para que me afaste, quem sabe por pouco tempo, pois agora o que eu vejo não são mais “afinidades”, mas comportamentos que eu decidi deixar de fora da minha vida. A proximidade é ruim, porque você se sente olhando no espelho e não é exatamente aquele reflexo que você quer ver. Nunca tiver problemas com pessoas entrando e saindo da minha vida, pois este é um movimento natural, faz parte do curso do caminho de cada um, mas alguém que por tantos anos foi uma espécie de muletas, um ombro amigo, uma companhia para horas de risos e humor irônico e fino não é “apenas alguém que vai”, é uma parte de mim, uma parte que eu preciso amadurecer e que eu espero que volte também amadurecida.