Descobri que estou com refluxo. Atacando na região da laringe, que ao invés de me causar dores no estômago facilmente disfarçadas com Omeprazol, me traz outro tipo de sintoma: a de uma trava na garganta. Dificuldade de engolir. Eu e minha alma psicossomática. Acho que finalmente aprendendo a regurgitar.
Daqui uns dias é primavera. Estou agora com os olhos marejados, em um estado tal de sensibilidade que preciso desligar a música. A melodia me emociona, a voz me arrebata. Mas neste momento eu não quero ser transportada. Quero ficar por aqui, por alguns minutos, horas, sentindo neste plano. Me sentindo.
Aprendi a arrumar as gavetas. Cada sentimento em seu lugar e bem etiquetado. Confesso que algumas vezes é uma bagunça só. Meias coloridas misturadas às roupas intimas e combinação monocromática no corpo. Alguém geralmente me lembra de que cores quentes me vestem bem. Sempre fiquei confusa sobre o ajuste de cores que a minha alma costumava vestir. Das manhãs arco-íris a noites gris.
Aprendi que ter as gavetas etiquetadas e arrumadas não é de longe garantia de boa condição meteorológica, mas, digamos que ajuda bastante na hora de escolher uma boa capa de chuva.
Tive nesta semana momentos vermelho Almodóvar, passional, impaciente, intolerante com o tempo. E mesmo assim, o universo tem sido generoso. Eu e ele andamos cúmplices. Sincrônicos para ser mais direta. Sinais, sonhos, pensamentos concretizados, as tais coincidências significativas de Jung. Tantas e ao meu redor que enquanto escrevo aparece um entrevistado chamado Emiliano na TV. Qual é a mensagem desta vez, hein?
Tenho um pouco de medo desta fase ímã, de atrair coisas que não deveria. Talvez não tenha tanto o que temer. As folhas já caíram algumas estações atrás.
Um comentário:
Que bom!
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