Na Sé.
Gente, odores, humores, sufoco, calor, claustrofobia, barulho, impaciência, cotoveladas. Todos ali, na cancela como se fossem gados, numa intimidade obrigatória gerada pelas proximidades daqueles corpos desconhecidos, cada um carregando a dor e a delícia de mais um dia útil que se finda. E você no meu ouvindo, numa intimidade consentida, sussurrando sua sensibilidade e delicadeza, ao mesmo tempo em que a catedral badala os seus sinos. Por uns momentos olho ao meu redor e consigo ver um rosto sisudo começar a sorrir, mas prefiro voltar-me a você e fecho os olhos para valsar lentamente ainda que o corpo não se mova, inerte devido à indisponibilidade de espaço. A viagem é curta. Suas músicas também, o bem que me faz dura mais tempo, acredite. E quando volto a conseguir me mexer, vejo que não me quebrei. Vai ver é porque somos macios...
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