As opiniões e adjetivos são diversos. Desde ruim e bizarro a maravilhoso e genial. Para mim, o que fica em A Pele Que Habito é a comprovação do papel que Almodóvar exercer em minha vida. O de trazer resposta, se não prontas, mas pistas sobre o meu próprio universo feminino e tudo isto pela alma de um homem. São raros, mas eles existem e Chico Buarque está ai para provar que Pedro Almodóvar não é o único. A Pele Que Habito está longe, bem longe de ser um ótimo filme do ponto de vista cinematográfico, para mim que considero Volver uma poesia e Fale Com Ela uma obra prima, a Pele Que Habito é um filme bem feito. Mas nem por isto deixou de me tocar, de me sensibilizar e de me fazer pensar como os outros dois. O último filme que me fez sair do cinema com a sensação de ter deixado a mente na sala de projeção foi Cisne Negro. Um filme aparentemente diferente do Almodóvar, mas que depois de algumas horas, eu percebi a ligação que a minha alma feminina fez entre eles. A loucura e passionalidade (parece que uma não vive sem a outra, não é?) expostas de uma maneira tão visceral. E mesmo daquela forma Almodóvar de ser que já conhecemos, exagerada, hiperbólica, surreal, os personagens e os sentimentos são sempre humanos. É isto que me encanta neste homem exagerado, não quando ele é mais. É quando ele é menos. São os contra-tempos das cenas. A humanidade dos personagens após as falas eloqüentes, os diálogos non-sense, o derramamento de sangue. Suas personagens femininas falam até hoje comigo, todos os dias. Temos conversas longas, sem sentido, dramáticas, lacrimejantes e quase sempre loucas e cheia de paixão.
Nesta pele que eu habito há quase 33 anos, existem homens como Chico Buarque que me faz sonhar e flutuar e há homens como Almodóvar que me faz enloquecidamente delirar.
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