terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Cisne Negro...

Cisne Negro é uma experiência audiovisual quase que perturbadora sobre quão tênue é a linha entre o nosso domínio sobre a mente e o domínio da mente sobre nós. E gostei tanto que o assisti duas vezes. Ambas em companhia diferentes o que acabou me permitindo apurar o meu olhar sobre o filme. A personagem Nina, é escolhida para interpretar o papel principal numa releitura do “O Lago dos Cisnes”, nesta versão, a mesma bailarina interpreta o cisne branco e o negro. A todo o tempo, a personagem principal é desafiada a deixar aflorar o cisne negro que nela habita. No decorrer das cenas, a impressão que nós temos é a de que o negro é aquele que carrega toda a passionalidade, todo o brio, toda a gama de sentimentos quentes necessários para transformar um cisne tranqüilo, perfeito em seus movimentos em algo arrebatador. E se fosse somente isto, a proposta do filme teria sido incrível. Porém, o filme traz uma alerta sobre o contato com a caixa-preta que temos todos guardados. Tais quais as caixas-pretas de avião, sempre que é necessário abri-las é porque alguma coisa está fora da ordem. E ao mexer nesta caixa-preta nunca saberemos ao certo o que sairá de dentro. A personagem sobre abusos emocionais por parte da mãe, carrega o peso de toda a projeção e frustração da mãe por não ter dito uma carreira consolidada na dança e assim criou sua filha de forma infantilizada, castradora, projetando de forma subliminar e manipuladora, sonhos e desejos. A Nina, na ânsia de provar para o diretor que a escolha nela foi a correta, passa dia e noite ensaiando desesperadamente e tentando ao máximo entrar em contato com este Cisne Negro. São poucos os que conhecem as próprias fragilidades, pouquíssimos os que sabem exatamente o que encontrarão na caixa-preta. Entre delírios, alucinações, surtos e auto-flagelação, a personagem finalmente consegue “pôr” para fora o cisne negro, transformando-se literalmente em um, numa das cenas mais hipnotizantes do filme. Mas como eu disse no começo, a linha é tênue, quase que inexistente e ninguém sabe o que virá depois de se entrar em contato com tantos sentimentos.

Para quem assistiu ao filme, sabemos o que exatamente acontece com a personagem. E nós saberemos o que irá acontecer conosco?

2 comentários:

D. disse...

Não.

Mas alguns de nós viverá sob o efeito. As always...

Anônimo disse...

"São poucos os que conhecem as próprias fragilidades, pouquíssimos os que sabem exatamente o que encontrarão na caixa-preta." sob pressão e stress emocional, temos contato com o que realmente somos.