quarta-feira, 29 de outubro de 2008

2º Turno

O dia 26/10 para algumas pessoas foi a data da escolha final daquele que governará seus municípios nos próximos 04 anos. Para mim, além disto, foi aquela oportunidade que acontece nos períodos eleitoreiros para reencontrar colegas do jardim de infância que por casamento, melhora de vida ou tédio mesmo se mudaram do bairro onde nasceram. E não entenda reencontrar como uma coisa amistosa, daquela cheia de abraços, beijos e perguntas sobre se tudo vai bem. O reencontro é, digamos, através de olhares curiosos, meio de lado para não dar bandeira de que estamos medindo-os de cima a baixo. É estranho e curioso analisarmos no que se transformou o valentão da turma, a menina bonitinha paquerada por todos, o CDF que não dava cola e todos aqueles estereotipo que por algum tempo formaram o centro da sua vida. Vários anos depois, muita coisa mudou, ou talvez nada tenha mudado, depende do ponto de vista de cada um. Eu vi meninas que outrora eram fortes candidatas a Miss Mundo hoje mulheres descuidadas, carregando seus filhos como se fossem fardos. Incrível como as outras pessoas que eu admirava e queria ser quando "crescer", hoje são, nada mais, nada menos, do que aquilo que eu definitivamente não quero ser. Nesta dança da desilusão meu questionamento agora é: em quantos pontos percentuais estaria o meu ibope? Seria eu um candidato com velhas promessas não cumpridas, assim como alguns dos meus colegas de infância, ou uma esperança de novidade neste palanque da vida?

domingo, 12 de outubro de 2008

Perder-se Também é Caminho

Mais do que companhia constante, você sempre foi o equilibro, o apoio, o que me mantinha de pé e por muitos anos fomos assim: eu e você. Uma cumplicidade, uma simbiose, um jogo de interesse. Eu não caia, mas você não me deixava correr. Pergunto-me quando você surgiu, esta forma de apêndice que eu sempre tive medo do dia em que supuraria. Não me entenda mal, você me permitiu avanços, graças a você consegui andar por terras estrangeiras com segurança, mesmo que de forma superficial. Você foi o álibi contra o medo, a rede embaixo do trapézio neste nosso grande picadeiro. Eu que sonhava em correr pelos campos abertos como uma legítima sagitariana, sentir o frio na barriga de um mergulho do alto sem saber o que encontraria na chegada. Não, não, não... Havia sempre você, o mal necessário. Um mal quando não era mais necessário, quando eu não percebia que não precisava mais de você. Mas eu era acostumada ao seu peso, ao seu encaixe, mesmo que isto mudasse a minha forma, minha anatomia...

 

Eis que por sorte, por destino, por falta de opção ou sei lá o que, a gente entra em contato com as partes mais silenciosas da alma, aquela do grito interno, a que nos mata nos fazendo perder o medo do que é novo, daquilo que não se entende e se entrega por completo à desorientação. Esta desorientação que me tirou da sonsa e inquieta rotina de prisioneira criando a coragem infantil de perder-me a ponto de te abandonar.  Adeus 3ª perna. Ficamos por aqui. Agora somos eu, o mundo e o desconhecido.

 

Apesar de não saber o que fazer com a aterradora liberdade que sinto, uma coisa é certa: a gente não avança sem deixar um monte de coisa para trás.