Devia fazer calor, pela blusa regata e mini-shorts que usava. Manhã de céu azulado, ela lembra bem, pois a altura que ostentava àquela idade era preciso erguer bem os olhos ao firmamento para não perder de vista o objeto desejado. Mesmo calçada com botas ortopédicas, ela corria sobre pedrinhas, que lhes causaram diversos arranhões e choros, atrás daquele objeto redondo que flutuava no ar, exibindo um certo brilho dependendo de onde o raio solar refletia, bailava por alguns instantes e se desfazia atingindo algum obstáculo físico ou apenas sumia no ar.
Naquele domingo ela se apaixonou pelas bolas de sabão do parque do Tororó, no seguinte, pelo efeito do vento nas paletas do cata-vento e tem sido assim pela vida adentro. Uma música, uma fotografia, uma lembrança, um gesto, um cheiro, uma respiração, um chamego, um estado de espírito, um movimento, um fenômeno natural, um fenômeno muito bem provocado, as coisas ilógicas, as horas não marcadas, partes do corpo, um corpo inteiro, pessoas, pessoas apaixonadas...
Apaixonar-se todos os dias, é oxigenar a alma-cabeça-coração. É alimentar a chama da vida. É a maneira que aprendi e escolhi viver hoje todos os outros dias da minha vida.
- Eu tenho medo de me apaixonar...
- E eu tenho medo de parar de me apaixonar.
Um comentário:
Eu acabei de me apaixonar... pelo texto, pelas palavras, pelas expressões. Até pelos pontos e pelas vírgulas...
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