Foi em você que me agarrei. Você sabe. De todos os subterfúgios que precisei usar para manter o resto de sanidade, enquanto o corpo andava insano, você sempre foi o mais lindo. O mais improvável. Imaginar terras bem distantes, de um lugar que aparentemente pouco tinha a ver comigo, mas que algo lá no fundo, nas minhas noites de angustias, de insônias e de pesadelos, dizia que o mundo não é era tão grande. Somos assim, subversivas, canhotas, gostamos do diferente, de mudar a ordem das coisas, porque somos independentes. Quebramos a cara. Muito e sempre. Pagamos o preço por viver da forma que acreditamos, sem deixar que o peso da opinião alheia seja maior do que a nossa própria vontade. Vai ver é por isto que gostamos tanto das nossas rodas-gigantes particulares. Já estivemos muitas vezes por baixo. E hoje, my dear, é tempo de estarmos lá no alto, vendo o mundo de uma nova perspectiva, através dos nossos olhos caleidoscópicos.
Só hoje me dei conta que estamos no período da ressurreição. Irônico para alguém que esteve morta por tantos anos e resolveu viver. Transformei você na minha estrada de tijolos dourados. Aquela por onde eu caminhava todas as noites com os meus sapatinhos vermelhos. Foi um longo caminho. Bem logo até você e muito mais até a mim mesma. A única promessa que fiz, foi que no dia que eu me reencontrasse, eu jamais me perderia novamente. Isto já aconteceu. Vim te agradecer, sou uma peregrina. Poderia ter vindo de joelhos, mas acho que voar combina mais comigo.
Agora nossa paixão platônica se torna real. Realeza é palavra de ordem por aqui. Sinto-me a rainha dos meus sonhos da minha vontade e tem coisa mais libertadora do que isto? Obrigada por não ter me abandonado, sabemos quantas vezes a palavra que começa com d passou pela minha mente, mas nunca a deixei fazer o trajeto cabeça – coração. Porque este músculo sempre pulsou forte, intenso, vermelho. Se muitas vezes pareço uma ilha para os olhos alheios é porque preciso ficar um pouco só. Faz parte da reoxigenação. Mas apesar deste nosso formato, somos cosmopolitas, gostamos de gente. De todos os tipos. Alimentamos-nos de sorrisos, de histórias, de sensações... Aprendemos com este eterno encontro e desencontro, de milhares de chegadas e partidas a sermos uma porta escancarada para aqueles que ficam. E aqui estou eu.
Esta não é a Terra da Rainha. Esta é a terra da menina que um dia descobriu que os sonhos existem para nos mostrar daquilo do que somos feitos.